quarta-feira, 11 de março de 2009

Ipepeô

É um choque entre continentes. Na passagem de um ano letivo para o outro, tiro meus dois pés da cultura oriental, para mergulhar de corpo inteiro em uma cultura que me cerca, e me preenche: o universo negro.

A partir daqui, darei início ao processo de pesquisa. Contarei com uma ferramenta poderosa: um diário de bordo. Achava importante, ates disso, registrar esse meu momento de me sentir perdido, de me sentir folha em branco. Ao final do processo, vou querer voltar para ler isso, de novo.

A busca de um mito que provoque o que há de íntimo em mim, essa é a minha aventura. Serei artista solitário. Ator, pesquisador, dramaturgo e diretor de mim mesmo.

"Incorporar a personagem!" - Espero (não) ouvir essa expressão nos próximos dias.

Viagem

Uma página em branco. Um horizonte vazio, que aponta para infinitas direções, e ao mesmo tempo, para o nada. Assim eu me sinto agora, no início da disciplina Técnicas Corporais II, ministrada por Miguel Santa Brígida, no segundo ano do curso técnico de formação em ator da Escola de Teatro e Dança da UFPa, 2009.

É um choque, um encanto, perceber em mim a expectativa que há diante do que se aproxima. As possibilidades são tão imensas, o que se aproxima é tão desconhecido, que o imaginário aflora. Me sinto como os marinheiros das grandes navegações, no final da Idade Média, partindo numa aventura, ao encontro do misterioso. Que transformações isso irá causar em mim?

Essa é a primeira imagem que tenho, nesse início de jornada. Um navio. Assim como o universo negro veio ao Brasil em navios negreiros, nos quais os escravos eram tratados de forma desumana e cruel; eu me entrego a uma viagem, ao fundo de mim mesmo. Navegarei pelo meu íntimo, enfrentando ondas de medo, e tempestades de limitações psicológicas, e físicas. Um navegar em sonhos, em sensibilidade e em arte.

Onde pretendo chegar? No inconsciente coletivo.